“Meus Memoráveis Tempos do Halley e Outros Versos “ são poemas de longo percurso, e dos quais destaco o texto título, por se referir a um tempo de eventos muito marcantes em mim, e os quais ocorreram quando da passagem do famigerado cometa por estas paragens. Relevo também a história de Zé Firmino no texto “A árvore do destino”, que pode ser definido como um conto em versos. No mais, são textos em que alguns versos consideram sobre a problemática da guerra, “Versos Bélicos” , e outros discorrem sobre umas polêmicas criaturas : os insetos, “Das Controversas Criaturas”. Espero que tenham boa leitura. Um grande abraço!

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Meus Memoráveis Tempos do Halley e Outros Versos ( Todos os textos )

Meus Memoráveis Tempos do Halley

 

Por estas paragens retornava;

num alvoroço centenário se anunciava, 

curiosidade despertando,

expectativas gerando,

desde quando se houvera saber 

da sua reaparição a acontecer, 

como um velho conhecido 

fazendo-se ressurgido.

Deixar de ser não poderia

a esta alma contemplativa que se havia 

iniciado num âmbito superior de pensamento, 

aguardando o ano,o mês,o dia, o momento

da sua passagem fulgurante;

de tomá-lo como tão impressionante; 

de tornar-me por assim arrebatado 

de por isso muito ter especulado

E fiz-me aguardá-lo de um lugar especial, 

entre seres sapientes de cristal.

Altas teses e conceitos poéticos; 

humanos, profundos, estéticos. 

As mais artísticas expressões; 

as mais místicas meditações.

Teorias irrefutáveis, 

Políticas inquestionáveis, 

de lazeres entremeados; 

prazeres os mais refinados.

E , Óh, o quanto ganha relevância 

fatos sob a sua circunstância; 

inusitados acontecimentos, 

mexendo com os pensamentos.

Faz-se sobrecarregar noite e dia 

o ambiente de densa poesia,

com especial encanto

que envolve os quatro cantos.

 

E oh! O quanto pensa um vivente 

ante à sua presença iminente.

Se poder magnético possui; 

se  irradia energia que influi;

se relação com os metafísica encerra

 com seres já aqui na Terra,

não afirmaria certo não ou sim. 

Ou se tem algum, qual o seu fim?

Mas desperta para o poder do universo 

Em grande mistério faz tudo imerso.

Se marca um tempo a se renovar;

 se com fatos na Terra está a se relacionar, 

não é apenas um fato da astronomia,

mas possuis mais intensa magia.

 

 

Contemporâneo a seu tempo sendo, 

vivências do seu tempo depreendo;

sua última passagem do segundo milênio então; 

início do último quarto do século vinte cristão. 

E oh! E quanto mais a mim se sugestionou;

o quanto animou o meu espírito sonhador...

 

Que influenciou em minha mente 

é certo, indubitavelmente.

E nos objetivos, planos que idealizei 

por seu tempo, tanto mais acreditei... 

E tanto no universo ampliado pensei;

e muito mais sobre a realidade especulei; 

o sobrenatural fantasiei;

a verdade imaginei.

 E eram olhos, coração e mente 

voltados ao astro tão somente.

Era uma viagem, um trem espacial, 

numa intergalática real,

 por caminhos nunca por alguém seguidos 

mas pelo luminoso demais percorrido.

 Fez-me arrebatado em atenção. 

Numa dimensão da mente, propulsão.

Oh, humanidade, vida desassossegada, 

neste minúsculo lugar,  fragilizada; 

oh! Cosmos de imensas grandezas,

das quais tal corpo é uma das belezas. 

Mas o fazia enorme, vistoso o brilhante, 

na sua presença impressionante,

 avançando inexorável

em sua órbita incomensurável; 

enorme bola de fogo a passar, 

os olhares a maravilhar;

 mudando o céu, quão visível, 

numa visão inesquecível

da celeste paisagem, 

alterando a imagem,

realçando o belo céu em poesia, 

a mais do que se vê dia-a-dia.

Óh, o quanto me fiz reflexivo

 por seu movimento vivo.

Enorme, vistoso, brilhante seria,

 como o meu sonho se realizaria. 

Era mais um em desilusão,

do que em si havia de previsão.

 Pelo que não se fez enorme, vistoso, brilhante. 

Não se fez em sua imagem gigante.

E se na minha visão ainda assim se crava,

 foi  mero acaso, já não o procurava.

O que me aconteceu, da parte do sonho 

dizem estes versos que componho.

Era quando assim passava,

e a minha vida desmoronava. 

Com os pilares a ponte caía.

A ponte que então construía

 desde aquele presente até o futuro; 

Ficou a minha luz no escuro;

em volta fechavam-se portas; 

as trilhas tornavam-se tortas. 

E eram passos em desaprumo, 

Incertos na direção, no rumo.

 Uma guerra se fez para vencer; 

resguardei-me no amor a me valer. 

O ódio não lograva vingar em mim; 

Preservava a pureza da alma assim.

 A tônica era cantar com fervor, 

como se buscasse ajuda a meu favor. 

Pra me salvar da dura adversidade,

a me envolver em intrigante realidade. 

Invocava do universo qualquer poder, 

que o necessário bem me viesse a fazer. 

Então clamava qual desesperado.

Qual fossem brados ao firmamento lançados. 

E pela lira também fiz  mensagens soar,

para que no alto espaço  fossem viajar

 desde o revoltoso mundo em que estava imerso.

__________________________________________________

 Também em fortes sopros me manifestei 

para que alcançasse onde bem não sei, 

pela magia de doce flauta mandava 

notas que meu estado d'alma propagava

mas que algum ser iria me poder interpretar,

_________________

e com sua providencial intervenção 

me iria livrar da aflição  

em que agonizava.

Assim me salvando imaginava.

Era assim que na situação acreditava;

era meu pressentimento que atuava.

Pois eu era como uma montanha a desmoronar; 

e era no mundo , um a se desenganar.

 A espinhosa guerra arremessado, 

em fúria, indignado, descontrolado,

no ermo campo da batalha das paixões, 

onde são armados os corações; 

projetado a um abandono sem fim. 

foram-se todos para bem longe de mim, 

nas diferentes direções da vida, 

deixando-me num deserto sem guarida.

E óh, quantas lágrimas foram derramadas; 

compulsivas, veementes, revoltadas,

pelo que sentia de verdade

 o que me doía da humana maldade.

 E uma vez no deserto indo em frente 

fechou-se no céu o tempo, de repente; 

carregadas nuvens o dia em noite tornava; 

e com trovões a tempestade se anunciava; 

os relâmpagos os raios anunciaram. 

Os meus passos então se apressaram,

tementes de um fatal perigo;

e em quilômetros não havia abrigo; 

e assim  preocupado eu corria.

Um primeiro raio próximo a mim caía;

 os metais, do meu corpo já os punha fora 

naquela tão aflitiva hora:

anéis , pulseiras, colares, dispensei,

 e após muitos passos um abrigo alcancei; 

após alucinada corrida,

temente d’álgum raio selar-me a vida. 

E ali, antes de longa noite sem dormir

 aos céus profundamente agradeci. 

E prossegui do deserto a travessia 

na clara manhã azul do novo dia.

Desilusão à mega astral passagem, 

pelo que fazia disto a imagem;

pelo que não se realizaram meus anseios, 

e por tudo o mais que então veio.

E vieram rajadas de vento 

trazendo inesperados tormentos.

Dentro em minha mente varria, 

que o cabelo desde as raízes doía.

E em meu juízo caiam faíscas de fogo; 

e a vida tornou-se um perigoso jogo, 

tirando-me estabilidade e confiança,

instaurando-me ansiedade e insegurança.

Num denso vazio, num cáustico tédio, 

fraqueza, desânimo, prostração sem remédio, 

como se me houvesse enfeitiçado;

sentia-me o corpo todo quebrantado. 

Fui arremessado a um abismo sem fim, 

profundíssimo no âmago de mim;

e caía, e caía tão somente;

e vagava mais e mais infindamente. 

Fui ao frio; ao redemoinhante negror; 

em náusea e tontura a cabeça rodou; 

e ia perdendo paredes, teto, chão; 

consciência, sentidos, visão;

e temia de a loucura , irreversivelmente, 

tomar- me definitivamente.

E batia tresloucado o coração;

 e chamava mais e mais pela razão.

 Um pesadelo outrora tido lembrava:

 O negror de um abismo contemplava,

 na beira, afastar-me, aos passos para trás tentava; 

mas paralisava-me o medo que meu ser tomava. 

E aquela situação de terror se prolongava.

Temeroso de cair, um passo não dava; 

e aquela situação me angustiava;

e só o despertar me salvava.

 

E foram noites e noites insones. 

E em noites das noites insones 

em que o dia de repente raiava, 

tão rápida a noite passava, 

quantos eram os pensamentos,

que se tornava a noite um só momento,

 discos voadores apareceram ante a minha visão. 

Se eram da minha mente projeção,

não eram de uma mental alucinação: 

neles não pensava então;

 não vieram de uma auto-sugestão. 

______________

Não me custa acreditar que eram reais, 

no alto céu a enviar-me sinais.

E eram como um alento: só eu não estava. 

E assim captar as mensagens tentava...

E um deles um luminoso gás soltou

que num planeta com anéis se transformou. 

E às vezes movimentavam-se rapidamente

 vertical, horizontal e diagonalmente.

E outro depois avistei distancíssimo, 

entre astros pequeniníssimos.

E de um outro sonho lembrava:

um vulto em noite escura à beira mar caminhava, 

então uma nave espacial junto a ele baixava,

e nele indo embora então viajava; 

e tanto quanto mais me intrigava.

E não esquecia remoto sonho que falava 

do mistério que envolve solitárias gentes.

Era um deserto com  sol poente ou nascente...

E contatei estrelas sinalizadoras que apareciam, 

buscando compreender as coisas que me aconteciam. 

E às vezes silenciava de se ouvir o mar murmurar,

e até de se ouvi-lo silenciar.

 Faíscas prateadas vi choverem sobre mim na cama; 

momentos se faziam de alívio e trégua no drama.

E noites se passavam ao meu desperceber, 

pensando, pensando, pensando a valer;

e eram tantos pensamentos eu pensando; 

aos borbotões da minha mente jorrando, 

como água de cachoeira despencando, 

com tantas e tantas idéias minando.

E também foram noites e noites sem dormir 

por tanto barulho a meus ouvidos invadir, 

além das vozes azucrinadoras,

entre outras, suaves, acalentadoras.

 E no interior do meu crânio aquelas ecoavam 

a quase explodir meus miolos estavam.

E algumas ouvia contra mim urdirem.

________________

E um canto agourento negra ave assobiava, 

interceptando- me os pensamentos no que ansiava. 

E meu juízo com seus pios me apoquentava;

e mais e mais o meu sistema nervoso afetava. 

Decidido e determinado no mar a fiz fenecer; 

não mais agüentava com tal presença conviver. 

Depois a ouvi ainda entre as vozes azucrinantes. 

______________________

Por tanto, o bom senso muitas vezes perdia,

e tamanhas loucuras cometia;

 e ao esdrúxulo, ridículo, me fazia exposto. 

Jamais esquecerão meus lábios, meu rosto. 

E inflamou-me o coração até;

e brasa deu-me sob os pés.

E num ciclo involutivo penava sem clemência;

 era tanta conturbação dentro do meu ser 

que desmantelava tudo que me fizeram crer. 

E era uma crise só minha existência.

E o mar refletia, quando em suas águas bravias, 

essa conturbação que meu ser envolvia.

Se pudesse, do planeta fugiria; 

cheguei a pensar naqueles dias...

E um labirinto sob o céu se me tornava;

 e a saída, a mais perder-me, não encontrava; 

e ora era um molambo sob o sol a caminhar,

ou nas noites sob as luzes dos postes a iluminar.

E ainda imaginativo, curioso, por vezes me indagava 

a quantas a essa altura o meu cometa andava...

E ora sentia uma fome a qual nunca saciava; 

e  comia numa gana selvagem que me dava. 

E ora ficava longos tempos sem comer;

e pensava,  pensava,  refletia, meditava a valer.

A sombra d’um alguém meus passos acompanhava; 

irado, quatro dedos envoltos em metal, me ameaçava. 

E uma mulher segurando pela calda um escorpião,

me cravava pela carne à alma o aracnídeo ferrão. 

Iniciei- me em indignada manifestação;

e toda a humanidade repreendia então. 

Legião de maléficos contra mim se voltava; 

e ante a todos me fazia forte e lutava.

Um ser satânico mostrou-se fazendo-se visagem,

 com seu tridente a intimidar e até a sorrir, 

frente à minha cama na hora de dormir.

Então eu orava para defender-me bem, 

e então o ser satânico sumia também. 

E na noite seguinte ele reaparecia; 

então eu orava,  orava e ele se ia.

E quando meus olhos fechava, 

antigos profetas avistava.

 E sinalizavam orientações,

 com seus cajados, em seus roupões. 

E nas visões que então estava tendo,

era nuvens de fumaça a lua absorvendo;

e a pousar com graça a lua em seu quarto minguante; 

nariz e lábios proeminentes em posição relaxante.

Também vi a lua cheia um ser diabólico a englobar; 

calda de seta suspenso no ar,

a me encarar sério, sem se dissimular. 

Não sei disso bem o que pensar...

Mas também via Jesus se mostrar, 

na entrada do sol afigurar.

A que aprendi a crer __________

 O que colocaram na minha mente.

 E em noites desérticas da minha incursão, 

tanto do céu se mostrava ante minha visão; 

estrelas e mais estrelas do céu caiam,

e outras mais e mais surgiam.

E se mostravam as mais incríveis paisagens;

as nuvens tornavam-se nas mais diversas imagens. 

Quiçá miragens fossem somente então;

ou só tomavam formas ante à minha visão. 

E assumiam formas humanas também; 

gente que já tinha ido para o além;

e eram tipos os mais esquisitos;

 e até um dos que aqui se fizeram mito,

 surgido do céu, veio a mim antes os olhos meus; 

mais distante no céu outro me acenava adeus.

Vi uma árvore em semblante assombroso se mostrar; 

que foi miragem ainda custo acreditar.

E sentia o tempo rápido a passar, 

e eu sem o poder o acompanhar, ìa ficando para trás;

e sentia-me  perdido mais e mais.

 O espectro de um vivente veio a mim desacatar

 - incrível poder tem alguém assim a se deliberar.

 E outro espectro humano vi passar 

pelo vidro da janela a me olhar.

Outro vi tentando da minha visão se esconder; 

brincalhão, de mim, da minha procura a se entreter. 

E outro vi sentado à noite na beira de um mar,

e perguntou-me de mim ao por ele passar, 

quando rodava à procura da  lagoa mágica,

tendo ultrapassei numa passagem para tantos trágica; 

vi tais espectros ali amontoados, 

pelo medo barrados. 

De me verem seguir determinado 

ficaram admirados; 

após, encontrei então o silêncio universal,

de ouvir-me até o pensamento em sua essência real. 

E vi uma esfera dourada e brilhante,

como um pequeno sol, radiante. 

Como uma jóia, deixou-me fascinado; 

tal lembrança ainda me faz intrigado. 

E a tudo isso, compreender eu tentava, 

e por mais que tentasse não atinava.

 E vi extra-terrestres na Terra baixarem, 

e em seres humanos então encarnarem.

Almas de desencarnados de outros planetas eu via: 

tomavam o corpo de quem a alma matado se havia,

e assumiam missões de quem assim não mais existia então;

e assim vão assumindo cada qual uma sacramentada missão... 

Vi no trono de um templo, cajado à mão,

um tão antigo profeta em seu galardão; 

coroa à cabeça,  barbudo, austero;

de olhar atento, guardião severo.

 E vi um povo nas trevas sem a luz encontrar,

 e observava ali bem perto um iluminado estelar. 

E em meio àquele povo eu também estava,

e eu seria a luz da qual aquele povo precisava, 

mas a quente influência daquela luz me torturava,

e com tudo o que havia, ainda mais me transtornava; 

sofria seu olhar de ódio alucinado.

E me perguntava o porquê de tudo isso, intrigado.

E vi um ancestral cacique revoltado, 

por seu povo terem dizimado.

E inquiria, ante à imagem de Jesus salvador, 

erguido em pedra, o porquê de tanta dor.

E era rijo e tinha um duro olhar;

 e em seus pensamentos veio a considerar 

que o Ser Superior não tinha culpa enfim, 

mas sua paixão apaixonara um povo assim. 

Esse índio tinha na cabeça três penas,

e chorava pelo seu povo, triste cena.

E vi o interior da minha morada 

transformar- se totalmente deformada. 

Lampejos no azul do céu eu via,

e a noite vir quando ainda era dia;

e via-me a poder ver de olhos fechados; 

e via- me em um mundo separado;

e havia um canto que de longe vinha, 

e forma de gás etéreo tinha,

e de dentro desse canto 

vinha outro num espanto, 

e era quente,

agoniando a mente

 do iluminado estelar junto ao povo,

 o que da tortura dava-me alívio novo, 

pois sua radiação quente assim não podia 

queimar-me a alma como fazia,

ocupado que estava

 com o canto quente que o massacrava.

 Mas, no ciclo, era de novo ao forno projetado; 

aquele inferno se fazia ainda mais esquentado. 

Sentia-me ao pelo seu ser preso sofregamente, 

como se houvesse ali uma parte da minha mente. 

E vi no céu, num átimo de olhar de repente,

de branquíssima fumaça uma serpente; 

e morcegos espaciais a cravarem dentes, 

sugando forças de corpos e mentes

de tantas almas, de tanta gente;

vi os cães na areias da praias repousando, 

na tarde serena, lenta, passando;

e na madrugada silenciosa, gatos negros despertos, 

ante à insegurança do meu futuro incerto;

vi os galos trocarem cantos na madrugada. 

e na manhã trocando cantos a passarada.

Era conversa, discussão, um ao outro replicava. 

E toda aquela troca de idéias eu interpretava.

E no centro da Terra, em mim viajando, 

vi dela um sábio ser se ocupando,

e assim fazia a certas mentes iluminar, 

para problemas soluções encontrar.

E via um fluido do meu crânio sair, 

aliviando-me a mente, a fluir, a fluir. 

E tanto mais eu via,

e tanto mais acontecia.

 E tive estranho pesadelo acordado,

 sob um pesado cobertor acomodado, 

o qual me revelava

a terrível situação em que me encontrava:

era um pássaro preso numa gaiola em que estava, 

e uma ventania era de alguém que sobre o pássaro abanava

Mas o pássaro era eu que sentia, 

e era assim que mais me afligia.

E não repousava, pelo vento que assim castigava, 

e aquela situação mais e mais me cansava

era um penar sem poder descansar 

e ansiava demais poder repousar.

E esse alguém parecia não ter coração. 

Como podia agir assim contra um irmão? 

E tudo isso e bem mais ia vivendo,

tudo assim e mais e mais ia sendo.

 

 E então foi organizado um tribunal

 para julgar o humano mal;

 e, dos humanos também nascido, 

como réu fui eu o escolhido

para representar a humanidade 

no julgamento da sua maldade.

E ressoou a sineta iniciando o julgamento,

o que começou neste conturbado momento. 

E desfilava ante meus olhos no tribunal, 

desde o primeiríssimo mortal,

e da humanidade a saga, a história, 

de decadências, passagens inglórias,

entregue aos pecados e atitudes inescrupulosas; 

às injúrias, aos escândalos e orgias luxuriosas; 

aos exageros, ao cinismo , às incongruências; 

aos vícios, à mesquinhez, à violência;

aos desmandos, às quedas, aos vexames; 

às aberrações libidinosas, aos desditames; 

à perda do respeito a tudo, a todos, a si.

 Não seria absolvido, pelo que via ali, 

e como já era por mim esperado,

fui por unanimidade condenado,

e a um covil de serpentes fui atirado, 

cruelmente submetido e escravizado. 

E muitas picadas dolorosas sofria,

e lá havia muitas armadilhas em que caía, 

e armadilhas mais viviam a armar

nos caminhos me havia para trilhar

 na busca daquela condenação me libertar, 

na busca desesperada de me salvar.

Outros e outros mais eram atirados às serpentes, 

que picavam, envenenavam os corações daquela gente.

E tanta fétida fumaça sufocava,

 e por dentro do meu corpo um fio dela transpassava.

 E castigava também um enxame de atrozes insetos que ali havia,

 E poderosa persuasão de suicídio me perseguia. 

E ouvia terríveis gemidos dos condenados, 

que como eu soltavam dolentes gemidos, 

gemidos das dores que sentia.

E via gente a morrer de todos os lados;

 e muitos diabinhos dos sofredores caçoavam; 

fustigavam, espicaçavam, pirraçavam, irritavam. 

E uma angústia sentia na alma, no peito;

e era sofrimento e aflição e todo jeito. 

Mas no Ser Superior tudo é enigmático,

e vingara enfim os meus contatos telepáticos 

com anjos estelares do presente, do futuro e do passado,

e pela estrela que houvera conquistado 

com a força do pensamento

em tão precioso momento,

e a qual em note tão mística me alcançou 

no fluxo da consciência do próprio amor.

Aos sentidos do Ser Superior chegaram

 as notas musicais que pelo espaço sideral viajaram

 desde a garganta ,da flauta e da lira, as mensagens, 

após refluírem nas estrelas destas paragens.

 E o Ser Superior interveio em Seu Verdadeiro Ser, 

como o Anjo mais perfeito a se conhecer,

e após segui-lo a cumprir desafios tão duros,

 e não ter perdido a fé, mesmo no mais denso escuro. 

Por mar e terra me havia arrojado sem temer a morte, 

então por fim Ele veio, salvação e sorte.

E por Ele abriu-se uma fenda de luz mais e mais, 

desvelando a Terra numa beleza por demais, 

sob o sol a natureza em belas cores.

 E não mais me acometia velhas dores; 

e nas asas dos anjos telepáticos voei;

e libertos daquele inferno outros mais encontrei. 

Tornou- se então sereno o mar que me agitava: 

O Bem o Grande Mal derrotava.

 E era diabólico, como o demoníaco Satã, 

que a vida nega, e destrói mentes sãs; 

que de sonhos de realização do bem é opositor;

 que de ingênuos e inocentes de Deus é detrator; 

que em avermelhada nuvem me houvera aparecido, 

aencarar pressionador o meu ser cansado, caído, 

entre espinhos, no ermo, sofrido, lacrimoso,

com seu olhar fixo, rancoroso, odioso;

 o qual havia vencido a mente de um suicida, 

para fazer-me a alma perseguida.

Foi dominada e queimada a serpente da dor;

E com o Grande Mal caíram os hipócritas, inimigos do amor;

aqueles mesmos que falso juízo final organizaram, 

e que por humanos erros vidas inocentes ceifaram.

Graças a desejo, paixão e fé minha força se renovava 

pela vida e pelo sonho nos quais mais e mais acreditava;

 e as pernas nunca me negaram o andar,

 léguas e mais léguas se preciso fosse caminhar; 

dentro em mim uma força cresceu;

o bem em mim o mal não venceu,

 graças ao Ser Superior que na intervenção acreditei, 

do dilema dantesco me livrei.

E acima da minha cabeça sob o céu, em bando, 

andorinhas reais voaram circulando;

e a terra prometida por fim alcancei; 

e ao mundo outra vez retornei,

após o eu de mim encontrar, 

e a sã consciência vingar.

Todo o mal como veio se foi daqui;

 em raios de luz, como um vulcão eclodi; 

dentro em meu crânio uma luz intensa, 

tão clara, tão forte, tão densa;

e retornei ao gozo da vida mais pura, 

após as mais absurdas aventuras; 

após o que pude me conter

 para tantas loucuras mais não cometer.

 E assim foi que tudo terminou;

 e assim foi que a desventura acabou.

 E em mim o espírito do mais puro sentimento, 

transcendendo ideais e pensamentos;

sonhos reais de estar voando, 

sentindo todo o meu ser flutuando.

Do espaço sideral me fiz ainda mais admirado; 

nos céus das noites são astros insuspeitados;

no acrílico azul marinho de prateados brilhantes, 

Em constelações, planetas, lua e pontos de luz riscantes. 

E como é bom o alvorecer e belo e dia, 

cinza, branco, azul com o sol que irradia; 

e volta a ser bom passear à beira mar,

e o mar contemplar, e nele nadar e mergulhar; 

mergulhar até o último fôlego em movimentações,

experimentando dos peixes as sensações; 

e como é mais belo e vistoso então,

no cinzento inverno ou no colorido verão; 

e como é bom viver a vida,

resgatado o seu viço e em tão boa guarida.

 Mas se deveras porém tem relação

 os fatos aqui revelados com a centenária aparição, 

e os quais aqui são narrados nestas pobres rimas, 

não é sobremaneira tudo o que suponho.

Sou consciente de o quanto eu sonho, 

e o quanto de pesadelo pode vir então 

sendo ambos de uma mesma dimensão.

 Mas comigo são associados principalmente 

por terem acontecidos concomitantemente

a uma época em que por aqui o Halley esteve presente;

_______________

antes, durante e depois da sua passagem tangencial.

Fatos aos quais por aqui ponho um ponto final 

neste momento em que os deixo registrados;

____________

 fatos inesquecíveis, memoráveis, profundos, 

que de mim então transporto ao mundo.

E a quantas anda o meu cometa famigerado? 

Tão longe vem para outro tempo esperado.

 A certa altura da caminhada da vida, 

que se tornara um ermo por demais.


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Zé Firmino encontrou a estranha semente. 

Estava bem à mostra na beira do caminho.

 Zé Firmino parou a fitá-la pensativo:

será que valeria à pena levá-la?

 

Qual tipo de vegetação dali se geraria? Qual tipo de vegetação a gerou?

Era grande e pesada a semente. Um inquietante dilema o envolveu: levar ou não levar a semente?

Por que de repente na sua vida já por demais atribulada

 

vinha agora a se mais encucar por causa daquela semente ali? Não poderia passar ao largo dela,

sem por ela tomar-se em mais problema? Mas aí então é que estava o ponto:

por que parara de repente fixado pela semente? Era porque estava ali para que a levasse.

Se não a levasse viria a ser pior a encucação, sempre a pensar no que seria com a semente, e martelariam-lhe pro resto da vida

pensamentos, conjecturas e possíveis arrependimentos.

 

Estaria fugindo a uma trilha do destino recusando-se a carregar tal semente, ou estaria apenas auto-sugestionado, efeito de muito sol na cabeça?

E no complexo dilema já se demorara muito ali, deixando-se aos pensamentos se decidirem...

E os pensamentos tenderam para seus caminhos:

 

se na sua vida então bastante virada

 

viera agora a parar tudo por causa daquela semente a se insinuar ali em seu caminho era porque alguma relação consigo havia.

 

Ademais, havia de dar-lhe um tom variante à vida. Para a semente então convergia o fluxo da sua vida. Seria agora o centro da sua vida vazia,

e quem sabe preencheria a sua vida de benesses? E se lhe viesse a ser trágico?

Pouco se lhe dava:

 

Que diferença faria na sua vida adulterada?

 

Serra porque estava escrito que assim deveria ser. Então levaria consigo a semente.

E assim decidiu-se, e enfim apanhou-a.

 

Resolveu que a semente já era parte da sua vida. Mas... Para onde iria levá-la? Onde plantá-la?

Zé Firmino vivia caminhando pelo mundo sem destino; sem casa, sem terra, sem descanso;

dormindo pelas beiras das estradas,

 

pelas portas das igrejas,

 

depois que deixou sua cidade, família, amigos, emprego, após ter sido exposto ao escárnio e à chacota

do povo pela grande humilhação lhe imposta, pois desvirginara a filha do prefeito,

que então através do delegado e seus homens, lhe providenciara uma surra em praça pública, à maneira como se fazia com os escravos;

e usando um poste como pelourinho, o Zé Firmino ainda ficou exposto durante um dia e uma noite,

nuzinho com a bunda exposta ao público, que estava convencido de que o Zé Firmino era quem era o lobisomem da cidade,

e fora flagrado como tal na noite passada. Tudo armação do prefeito e do delegado,

cujo ao filho tinha a filha do prefeito como prometida. E o povo aproveitou-se então para fazer a festa:

 

o grande demônio enfim estava amarrado; o grande vilão sujeitado.

Naquelas horas, por muito o Zé Firmino passou: após a grande surra e as costas a sangrar

ficou exposto e despido ao tempo.

 

E cada qual tirava a sua lasquinha, dando-lhe tapas, soladas, sardinhas; tirando sarros das suas nádegas.

 

Naquela noite enfiaram até coisas no Zé pelo orifício anal: linguiça , vela, cabos de vassoura, etc.

Enquanto a filha do prefeito fora mandada para fora da cidade às escondidas,

para evitar o grande escândalo,

 

e após ter tomado também a sua surra em seu quarto trancada.

 

Fora colega de escola de Zé Firmino no tempo que eram ainda meninos,

e tiveram um namorico de ousadias às econdidas. O pai dela viria a tornar-se prefeito;

o pai de Zé Firmino, que era dono de um bom pedaço de terra

 

de sólida plantação a começar a prosperar àquela época, tornara-se pobre, sem terra, sem nada,

e havia sido morto e enterrado; tudo armação do futuro prefeito,

que não admitia ninguém fazer-lhe frente na política, discordando dos seus projetos ambiciosos, atropelando a tudo e a todos,

com seus desmandos e falcatruas,

 

coisas de que o pai de Zé Firmino protestava, alardeando a quantos pudesse na cidade,

o que irritava o futuro prefeito, prestes a tomar suas providências. E o Zé Firmino teve que se virar como roceiro, e labutava todo dia em roças alheias em troca de comida e abrigo.

 

Mas a filha do prefeito nunca esquecera

 

os olhos negros acinzentados do Zé Firmino. e então os reencontros às escondidas,

e então ela resolveu se entregar.

 

Zé Firmino estava marcado para morrer,

 

depois que fosse tirado do poste onde amarrado, ninguém lhe deveria matar ainda,

pois a grande festa do linchamento estava para já acontecer na outra noite, após a confissão forçada do Zé,

de que era ele mesmo o Lobisomem responsável por tantas desgraceiras e mortes. Mas mesmo essas desgraceiras e mortes eram armações do prefeito e do delegado, que assim dava conta dos seus desafetos, com mortes, destruição de plantações e incêndios, tudo atribuído ao tal lobisomem

que o prefeito inventara com o delegado

 

e alguns comprados pelos quais davam vida ao tal lobisomem em “suas aprontações”. Mas naquela noite uma alma boa, aproveitando o sono embriagado

 

do vigia que houvera o delegado incubido de tomar conta do Zé, livrou- lhe da sua aflição,

e aconselhou-o a buscar justiça...

 

O Zé logo caiu para dentro da escuridão da mata... Nem viu o rosto do seu libertador, ou libertadora, coberto que estava por um manto na alta madrugada, e mal pôde também agradecer...

Mas onde que nada de buscar justiça!... Onde?... Todos naquelas redondezas estavam aliados ao prefeito, que se havia tornado demais poderoso, em troca de fortuna, proteção e tanto mais.

 

Zé Firmino não tinha força para tanto,

 

e resolveu que iria esquecer tudo aquilo... Pelo menos ainda estava vivo...

E o Zé queria mesmo  era viver.

 

Então resolveu sair pelo mundo afora sem parada. Foi como se manifestou sua indignação.

E nunca mais por ali aparecia.

 

Já fazia bem uns cinco anos ou mais que vivia de déo em déo bem distante do povoado onde tudo acontecera.

 

Já acostumado a essa rotina, por centenas de cidades já passara; milhares de quilômetros já andara;

 

uma prosa aqui outra ali com um ou outro curioso, mas nunca a ninguém revelara o porque de se haver tornado andarilho.

 

E já estava acostumada a essa vida assim, sem esperar que coisa alguma diferente viesse a mexer consigo de fato,

depois de haver endurecido,

 

e a tudo ter tornado indiferente como agora acontecia,

por causa daquela semente,

 

que entrara na sua vida e era parte de si. Mas, para onde levá-la? Onde plantá-la? Perguntava- se outra vez.

E a resposta era que deveria buscar um lugar.

 

Pois deveria ter um pedaço de terra para plantar e cuidar da semente.

 

E assim também se plantaria nalgum lugar, e então poria fim enfim às caminhadas.

E esse pensamento lhe passou agradável como uma fresca brisa num abafamento. Seria o fim das andanças ao acaso.

A semente poria fim à sua rebeldia fundamentada, a qual se desvelou em andar

por caminhos nunca antes por ele andado, fugindo do passado, de tudo e de todos.

E a semente era enorme e pesada. tinha que carregá-la com as duas mãos.

Mas como já era parte de si não podia deixá-la, e pensava agora num lugar onde plantá-la.

E cansava os braços e então descansava, e ia levando a estranha e pesada semente.

 

 

E carregando a semente entrou num povoado. E teve que encarar muitas reações adversas;

 

e ouviu muitas histórias sobre a semente.

 

Pessoas davam-lhe as costas

 

quando o viam e mais aquela semente;

 

outras se persignavam mais de uma vez e se afastavam; alguns o encaravam com olhar de espanto e medo; outros o fitavam com um ódio muito feroz.

E por onde passava com a semente

 

era apontado e olhado com curiosidade e distância;

 

e pessoas cochichavam e comentavam umas com as outras.

 

E logo o homem da semente ficou conhecido no povoado.

E sobre a semente diziam muitas coisas: que trazia azar e muitas coisas ruins; que muitos dramas a muitos já causara;

que ela causara também muitas tragédias;

 

que já destruiu muitos lares, famílias , fortunas; que por conta dela Fulano virara lobisomem; Sicrano se tornara morcego;

 

Beltrano virara mula sem cabeça;

 

Não sei quem houvera se tornado cachorro louco; que Um tal passara a ser macaco;

outro virou urubu; e até viraram cobra;

houve quem se tornasse urubu; quem se tornasse porco;

quem se tornasse jegue;

 

quem se tornasse até o próprio diabo;

 

que a semente houvera já desencaminhado a vida de muita gente;

que um tornou-se alcoólatra; que outro tornou-se drogado; outro ficara miserável;

que tinha quem tivesse ficado cego; quem tivesse enlouquecido;

quem virasse assassino; quem virasse ladrão;

 

e um virou psicopata; e outro virou suicida;

que um tal matara o pai; que um outro matara a mãe;

já outro matara a família inteira.

 

E assim contavam as mais terríveis histórias, e era tudo por causa da semente.

Porém havia algo de controverso.

 

Pois diziam outros que a semente não era má; e que até trazia sorte para muitos;

que havia casos de sabedoria e fortuna também atribuídos à semente; tesouros, castelos, reinados, impérios... Tudo conquistado através da semente.

Havia quem cresse também

 

que a semente nada representava,

 

e que a imaginação do povo era muito fértil e lhe atribuía coisas infundadas,

 

pois o que tem de ser

 

está no destino de cada um, independentemente da semente.

Mas a grande maioria via a semente como coisa ruim.

 

 

 

E o Zé Firmino continuava a carregar sua semente, indiferente a tudo e a todos;

e pesava todas aquelas histórias;

 

ora se a semente faz revelar a sorte ou o azar, que lhe viesse a revelar o seu também ...

que diferença iria fazer na sua vida de nada; sua vida de menos de que nada?

E já estava no povoado há mais de uma semana, carregando a semente pra lá e pra cá.

Nunca houvera parado num povoado tanto tempo desde que o destino o empurrou

para as estradas a caminhar;

 

e buscava um lugar por ali pra ficar;

 

tinha que arrumar um lugar para a semente. Primeiro arrumaria um trabalho;

com o dinheiro do trabalho compraria terra para então poder plantar a semente.

Mas estava difícil de arrumar trabalho; e muito mais por causa da semente

que levava consigo onde quer que fosse.

 

E muitas portas batiam-se-lhe ante o nariz. Mas não perdia a esperança.

E a semente dava-lhe uma renovada vontade, muito embora.

A semente já fazia parte de si, como um amuleto, um carma... Fosse para vencer ou perder, ficaria até o fim com a semente.

E era assim desprezado no povoado. Ninguém com Zé Firmino conversava; nem muito menos o ajudava;

 

nem seu nome perguntavam.

 

E mesmo aqueles que não temiam a semente ousavam com o Zé Firmino conversar,

para que não ficassem assim mal-vistos, e caíssem também no desprezo do povo,

pois o povo acreditava que a maldição afetava também aqueles que se envolvessem

com alguém ligado a tal semente; por isso preferiam ficar afastados.

E assim ia o Zé Firmino vivendo tais dias; e dormia na porta da igreja.

E mesmo o padre esquivava-se de lhe falar...

 

O Zé percebeu certa vez

 

quando lhe ia perguntar sobre a semente. Apenas respondeu-lhe muito apressadamente,

sem nem olhar no Zé e sem parar de andar apressadamente, que o Zé deveria abandonar a semente e esquecer;

que aquilo lhe estava causando um feitiço obsessivo ,

 

o que poderia em muito lhe fazer mal... E continuando a andar com pressa, qual fugindo das inquirições do Zé,

não lhe deu mais ouvidos, deixando o Zé a falar sozinho.

O Zé então decidiu deixar quieto...

 

Porém tomava diariamente a sopa

 

que a igreja servia aos indigentes da cidade. E numa madrugada, já indo para se turvar,

Zé Firmino despertou com uma estrela riscando o céu; e a estrela viera a cair adiante ali na sua frente,

lá por um arredor do povoado;

 

então levantou-se e se foi em direção ao local onde vira a estrela cair;

e quando chegou lá já era dia completo.

 

E o local era bem a uns três quilômetros do povoado;

 

e carregando a pesada, estranha e controversa semente... Mas não encontrou a estrela que vira ali cair;

 

porém estava certo de que a estrela caíra bem ali;

 

e então aquele pedaço de terra lhe ganhara um brilho especial; e como era terra-de-ninguém resolveu que ali se iria fincar; então a primeira coisa que fez foi enterrar ali a semente;

e após fincou uma comprida vareta para marcar; adentrou a mata para pegar madeira;

e de madeira fez um cercado para aquele chão; e diariamente molhava a semente;

e continuava adentrando a mata para pegar madeira; e de madeira construiu também uma casa;

e continuava diariamente a tomar a sopa da igreja;

 

e o povo estranhava que já não carregasse a semente, mas ainda assim desconfiado temia dele se aproximar. Mas um dia alguém, vencido pelo desejo da curiosidade, perguntou-lhe o que se fora feito da semente;

e então o Zé Firmino respondeu o que se sucedera; e logo o povo ficou sabendo do fim da semente;

e as opiniões eram as mais variadas:

 

uns contra, outros a favor, uns indiferentes... E até cogitaram de expulsarem-no da cidade;

pois a semente poderia atrair muitos males para o povoado.

 

Mas o delegado afirmava que nada poderia fazer para expulsar dali o homem da semente,

pois ele não houvera cometido crime algum; o padre nos sermões da missa apregoava

que não se deve intrometer-se nos desígnios de Deus, que tal crença numa semente era prova de falta de fé, e que caberia a cada um orar e voltar-se a Deus,

e não esperar nenhum mal, nem da semente nem de nada: “...Orai e nada haverá que possais temer...”;

o prefeito dizia que o homem da semente era um cidadão, e como tal não poderia ser molestado,

e todo mundo tem direito de viver em paz, independentemente de credo , raça ou ideologia,

e que o homem da semente vivia em terra de ninguém. Então resolveram deixar quieto o homem da semente;

 

e o homem da semente ficou famoso no povoado; e regava a semente diariamente;

e a água buscar num riacho que passava adiante, a bem uns dois quilômetros dali;

e carregava diariamente latas d’água na cabeça. Resolveu começar a cavar um buraco;

e este buraco tornou-se uma benéfica fonte, de água fresca, boa e abundante;

e não mais precisava caminhar tanto com a lata d’água na cabeça.

Também arou sua terra e plantou muito aipim; na sua cozinha fez um eficiente fogão de lenha; e de madeira construiu mesa, cadeira e cama; e fez colchão e travesseiro de palha seca.

 

 

A semente demorou a brotar mas brotou; e nasceu uma tenra plantinha;

a plantinha enfrentou muitas intempéries:

 

seca, tempestades, formigueiro, mas vingou; já era uma plantinha de bem uns dois metros; Seu destino era tornar-se numa grande árvore.

 

 

Zé Firmino já vendia aipim e coisas outras que plantara: tomate, quiabo,pimentão e hortaliças;

e como trabalhara bem seu roçado,

 

o que era motivo de admiração da gente dali, era chamado volta e meia para serviços de roça: roçava, limpava, arava, plantava e dava dicas;

muita gente já havia esquecido do caso da semente,

 

mas havia ainda quem acompanhasse a vida de Zé Firmino, de longe,com expectativa do que lhe iria acontecer;

mas, a despeito de todo o mal presságio sobre a semente, a vida de Zé Firmino parecia progredir:

até cavalo e roça Zé Firmino já possuía.

 

Isso levava o povo a refletir

 

que nem sempre se é como a maioria acredita.

 

Mas havia ainda quem acreditasse que a semente era maléfica,

e algo de muito ruim ainda aconteceria na vida de Zé Firmino.

 

 

Um dia apareceu no povoado uma mulher, com um filho já andando e um outro no colo;

e pedia esmola, comida, trabalho, abrigo, ajuda; e contava que abandonara a sua casa;

que seu marido tornara-se alcoólatra e violento; e batia nela e nas crianças, e passavam fome; então tomou a decisão de se ir embora...

E no povoado alguém falou-lhe do Zé Firmino;

 

e a mulher e as crianças foram bater-lhe à porta; para oferecer-lhe seus préstimos;

e Zé Firmino deu-lhe abrigo e comida; e ela era boa com o Zé Firmino;

e lavava a roupa de Zé Firmino;

 

e fazia boa comida para Zé Firmino; e limpava a casa de Zé Firmino;

e ajudava Zé Firmino em tudo;

 

e era boa em tudo para Zé Firmino;

 

e os filhos dela eram bons com Zé Firmino;

 

e o Zé Firmino por fim a tomou como companheira, a dormir consigo em sua cama;

e assim Zé Firmino já tinha até família.

 

Passaram-se anos sem nada de relevante acontecer... Aliás Zé Firmino prosperava mais e mais;

aumentou em muito o tamanho da Terra-de-ninguém; e era agora quase como uma fazenda;

nela Zé Firmino plantava de um tudo; e já possuía muitos animais também;

e de um tudo que o Zé Firmino plantava

 

sempre tinha algo no ponto para colheita e venda; e Zé Firmino distribuía para vários mercados, inclusive para mercados de povoados vizinhos;

 

vinham comprar nas mãos de Zé Firmino;

 

e Zé Firmino já tinha também seu próprio armazém; e Zé Firmino ficava mais e mais rico;

Zé Firmino construiu casa moderna na Terra-de-ninguém, nome que acabou sendo o daquela propriedade, daquelas de dois pavimentos e varandões

em todos os lados da casa;

 

portas e janelas amplas, paredes brancas; e tudo era um luxo na casa do Zé:

televisores modernos, DVDs, home theater, sons, computadores ligados à internet,

telefones celulares, energia solar, antena parabólica e tudo o mais

das maravilhas da tecnologia de ponta; os filhos da esposa de Zé Firmino estudavam na melhor escola do povoado;

e quase ninguém lembrava mais da semente; e daqueles que lembravam

 

as opiniões eram ainda controversas;

 

havia quem acreditasse que algo ainda haveria de acontecer; e havia quem acreditasse que não se deve confiar

nas crenças populares, que são fantasiações,

 

visto que a história do Zé Firmino desmentia muita coisa do que se falava sobre a semente,

afinal tamanho progresso jamais se houvera visto, naquele pobre povoado,

E olha que ali o Zé chegara apenas com a tal da semente. Mas quase ninguém comentava mais.

O que ficava em resumo da história do Zé por ali É a de um homem que chegou como indigente

E que com muito trabalho se tornara rico.

 

E da semente quase ninguém mais ousava falar...

 

Da forma como se concebia não estava acontecendo. E a árvore? Bem, a árvore já ia a uns seis metros; grande, de copa larga, frondosa, diferente;

já era notada a boa distância;

 

e pessoas que passavam em frente à propriedade do Zé Firmino paravam e ficavam admirando a árvore;

e muitos não resistiam à curiosidade de perguntar; mas o Zé não sabia informar;

dizia apenas que era uma árvore rara; mas que não sabia qual era o seu nome; gente inclusive fotografava a árvore;

e outros pediam para serem junto a ela fotografados. E assim se passavam meses e anos...

Os passarinhos eram muitos atraídos pela árvore; e cedo na manhã era uma cantoria diversificada dos vários passarinhos ali naquela árvore.

E quantos passarinhos já nasciam na árvore do Zé !? Quantos passarinhos não escolheram a árvore do Zé para fazer seus ninhos e procriarem?!

 

 

Os filhos da esposa do Zé já grandinhos

 

fizeram gangorra e brincavam horas e horas e horas na gangorra

 

juntos com colegas da escola que lhes iam visitar pela árvore.

 

Assim também eram os filhos de conhecidos comerciantes

 

de quem se tornaram amigos e que também eram atraídos pela árvore.

 

Zé Firmino também recebia muitos amigos, principalmente em fins de semana e feriados;

e ficavam sob a sombra da árvore a se divertirem; e eram mesas e cadeiras;  churrascos e bebidas;

e muitas prosas; e muitas histórias; e muitas risadas. E no dia- a-dia da sua vida,

apesar de se ter ficado muito rico,

 

ainda pegava por gosto e prazer na pá e na enxada; e arava aqui, e limpava ali, e trabalhava;

e quando cansava ia descansar na sombra da árvore; e deitava de papo pro ar sob sua copa;

e ficava dali apreciando as folhas balançarem-se ao vento; coisa de que já gostava;

chegava a cochilar ali e a sonhar;

 

parecia estar no céu, e seus pensamentos se elevavam; desta forma também via os passarinhos pousarem; via os passarinhos partirem;

via os passarinhos saltitarem de galho em galho na árvore; via os passarinhos a cantar;

via o céu entrecortado pela folhagem balouçante.

 

E quase sempre após o almoço

 

ia o Zé fazer a cesta sob a árvore.

 

E então ficava a balançar-se na rede

 

que pusera sob a copa da misteriosa árvore. E assim se iam passando meses e anos;

e a árvore ia crescendo mais e mais.

 

 

 

Um dia o Zé estava assistindo ao programa “Mistérios do mundo”, que mostrava coisas incríveis, e que respondia a perguntas também;

 

e então o Zé Firmino resolveu saber sobre a árvore;

 

e mandou para o programa uma fotografia da árvore;

 

e com ela perguntas sobre a árvore:

 

seu nome científico, tempo de vida ,etc.; tudo o que se pudesse saber sobre a árvore.

O apresentador ficou deveras espantado com aquilo, pois os cientistas consultados acreditavam

que não existiam mais daquela árvore; ou mesmo que nunca houvesse existido;

pois no Livros da Antiguidade registrava-se que quando se começaram as civilizações contava-se a história de uma certa árvore

que trazia todo o tipo de desgraça a quem próxima a ela vivesse; e o nome da árvore era Árvore do Destino;

e por isso em todo o lugar derrubaram as tais árvores, pois ninguém queria atrair desgraça para si;

e assim a árvore teria sido erradicada.

 

A história nunca foi comprovada cientificamente; parecia uma das muitas lendas humanas;

mas, agora era de fato de espantar,

 

pois a forma da árvore na fotografia

 

condizia perfeitamente com uma ilustração da árvore, que havia no livro das antiguidades.

Então tal árvore existira? Quer dizer, existe mesmo? Isto é realmente incrível! Anunciava pasmo.

E então o apresentador aprofundou-se ainda mais,

 

com as informações contidas no tal Livro da Antiguidade, sobre a tal Árvore do Destino.

Dizia que ela trazia as maiores desgraças a para quem a possuísse;

 

para quem a plantasse; para quem a cultivasse; ou mesmo para quem vivesse próximo a ela;

dizia ainda que a tal árvore dá apenas um único fruto durante toda a sua longa existência;

e que tal fruto é enorme, como é também a semente; e que seu fruto é tão delicioso

que quem come uma vez

 

deseja comê-lo sempre mais e mais;

 

e que a isso se atribui um poder enfeitiçador; pois a pessoa poderá ficar louca

se não comer mais e mais do seu fruto;

 

diz ainda que é justamente quando a árvore dá seu fruto que começam a acontecer as desgraças

na vida do dono da árvore,

 

e na vida das pessoas próximas, ou com a árvore envolvidas; e então alertava o Zé para que ficasse de olho.

Dizia ainda que acreditavam que a semente era parte do mal; e que poderia ter vindo de outro mundo; ou de outro planeta; mas havia também uma alusão a que

a árvore apenas cobrava os pecados das pessoas; das pessoas com ela envolvidas;

pois nada passava despercebido pela árvore;

 

e que nesse sentido ela seria uma purificadora das almas; pois seriam as tais desgraças a forma de pagar os pecados, purificando-se desta maneira.

E prosseguia dizendo que  porém nunca se soube

 

da existência real desta tal árvore;

 

e que antigos interpretadores haviam atribuído a tudo isso fantasiações;

e que esta árvore seria alguma planta venenosa da flora, ou ervas de poder alucinógeno.

Porém estavam todos estupefatos com aquela fotografia, e concluía dizendo que cientistas e pesquisadores

já se organizavam em caravanas

 

para verem a tal árvore de perto e estudarem-na.

 

 

 

Zé Firmino ficou muito impressionado com tudo aquilo; mas não tanto que o tirasse do normal,

e o fizesse mudar a sua rotina de vida;

 

para ele tudo continuava envolvido no mesmo mistério; e decididamente iria conservar a árvore;

a qual lhe dera todo um sentido à sua vida; ademais, tudo eram apenas especulações;

e que desgraça pior poderia mais lhe acontecer?

 

Mas quem ficou com a pulga atrás da orelha foi a mulher do Zé Firmino, abalada em susto;

e passou então a pensar sobre o que decidir fazer.

 

 

 

O fato de a árvore ter sido tema daquele famoso programa fez com que muita gente se sentisse atraída a vê-la;

e o povoado passou a receber muitas visitas;

 

e muitas vinham em caravanas para ver a árvore e fotografá-las;

 

e vinham, biólogos, botânicos, especialistas, estudantes, estudiosos;

 

e todo o tipo de curiosos que chegava diariamente; e gente até bastante mudou-se para o povoado; para acompanhar a história do Zé Firmino de perto. E a cidade construiu hotéis; e se vendia muitos cartões postais da árvore; e veio

gente até do estrangeiro;

e a cidade cresceu muito, e muito progrediu; e o Zé ganhou título de cidadão do povoado;

 

e todos - políticos, comerciantes,etc. - estavam orgulhosos dele; o Zé colocara o povoado no mapa do mundo;

e o Zé ampliou em muito os seus negócios; e ia ficando ainda mais e mais rico;

até folhas caídas da árvore vendia. E a árvore estava enorme, gigante;

bem de longe já era vista, destacando-se na paisagem; e bem de longe se falava apontando:

“aquela é a Árvore do Destino de Zé Firmino...”

 

E assim foi que Zé Firmino ficou famoso em todo o mundo, e sua propriedade recebia visitantes ininterruptamente.

E assim foi que o ex-prefeito da sua cidade descobriu onde estava o Zé, enfim;

pois jurara que se oportunidade houvesse o mataria; pois no que mexera com sua filha, a fizera engravidar; e para evitar escândalo maior,

induzira sua filha a um aborto,

 

mesmo contra a vontade da sua progenitora;

 

e no que abortara sua filha morrera;

 

e teria o Zé Firmino que “ pagar o mesmo preço”, jurara o ex-prefeito da sua cidade.

E resolveu o ex-prefeito ir morar uns tempos no povoado onde o Zé Firmino fincara pé, à espera da boa oportunidade de vingança.

 

Desde o tempo em que o Zé Firmino viera para o povoado até então

O Zé havia enterrado muita gente,

 

e muita gente havia visto nascer também uma delas foi o filho do Sr. Libório, riquíssimo e poderoso comerciante da região, além de fazendeiro de vastas terras;

e o filho do Zé Libório nascera com um sinal, que era como uma estrela de cinco pontas;

e tinha uma pele de um branco muito diferente; quase que branco como papel;

e tinha o cabelo de um amarelo muito diferente;

 

um amarelo parecendo o mais puro ouro encarnado;

 

e tinha os olhos de um azul muito diferente; azul que variava entre o claro, o escuro,

o celeste, o marinho, o acrílico;

 

e era motivo de muito comentário na cidade; acreditavam que era um menino sagrado; enviado; prodígio; até mesmo um messias;

e que deveria trazer alguma revelação; alguma boa nova; e então o Sr. Libório decidiu que seu filho

iria ser criado livre e à vontade, como qualquer menino do povo, para viver como o povo,

até que se lhe aflorassem as suas reais aptidões; até se fazer conhecida a sua sagrada missão.

E assim estava sendo.

 

 

 

O menino sagrado tinha o nome de Clarinaldo, e brincava também com os filhos do Zé Firmino; e as brincadeiras eram subir e descer na árvore,

 

Gangorra, rede , jogos na mesa à sua sombra, entre outras. Um dia Clarinaldo resolveu subir à árvore com um facão para tirar uma forquilha para matar passarinhos;

mas, lamentavelmente se desequilibrou; e despencou da árvore, de muito alto,

onde buscava uma forquilha perfeita para o badogue; e caiu de um jeito tal sobre o facão

que este transpassou-lhe o abdômen. Foi uma comoção total;

todos gostavam do menino e até esperavam nele; acompanhavam a sua vida com expectativa; principalmente o pai, todo orgulho.

O Sr. Libório não se conformava; não aceitava;

 

como podia seu filho sagrado morrer de forma tão estúpida? E não aceitou os pêsames de Zé Firmino;

e nem permitiu que ele e a família fossem ao enterro; estava de fato com muito ódio do Zé;

e o responsabilizava pela morte do Clarinaldo;

 

e a partir de então cortava as relações com o Zé; e assim , todos os bons negócios também.

A essa altura já havia muita gente relacionando

 

a desgraça do filho do seu Libório à maldição da árvore. “Mas... e se o fruto ainda não estava sendo dado...?” ; “... mas será que não

?” ;

“... podia estar em algum lugar escondido...!”

 

 

 

Grupos de estudiosos que o Zé permitiu que acampassem em sua propriedade para melhor estudar a famosa árvore convenceram-no a construir uma escada ao longo do tronco da árvore

para melhor então poder estudá-la; e assim foi feito;  o Zé permitiu;

e após a tragédia do filho do Sr. Libório resolveram procurar o fruto;

e subiram a escada para procurá-lo;

 

e de tanto procurar acharam-no. acabaram encontrando-o ainda miúdo; mas decidiram não divulgar a notícia; e diziam não haver fruto algum;

na verdade queriam comprovar a veracidade da lenda;

pois se divulgassem sobre o achado do fruto, bem que o Zé poderia querer arrancá-lo, para evitar as desgraças anunciadas;

então resolveram ficar calados, acompanhando.

 

 

 

O ex-prefeito, que já estava no povoado, estudava um jeito de pegar o Zé Firmino;

mas o Zé estava sempre acompanhado de gente. Mas não desistia de agarrar a melhor oportunidade de consumar suas intenções vingativas,

e um dia, disfarçado de mais um curioso atraído pela fama da árvore,

 

adentrou a propriedade do Zé Firmino. Ficou também impressionado com a árvore;

aquela folhagem parecida com milhões de mãos caídas... Mas não estava ali para admirar árvore alguma;

seu coração pedia vingança;

 

e estudava ali um jeito de praticar a sua ação fatal; mas enquanto não lhe vinha uma boa oportunidade, resolveu pregar-lhe então uma grande peça;

e retornou à propriedade do Zé Firmino

 

com uma boa quantidade de esgoto do hospital;

 

o qual vira estourado por detrás da rua erma do hospital; ao ver aquilo passou-lhe a sórdida idéia na cabeça,

coisa do seu ódio vingativo;

 

e na mesma madrugada em que coletou aquela fedentina encontrou um jeito de jogar aquela imundice

dentro da cisterna do Zé Firmino,

 

após cortar arames farpados da cerca do Zé, pelos fundos da grande propriedade do Zé.

 

da cisterna ia água para todas as casas das pessoas que moravam e trabalhavam na propriedade do Zé Firmino,

inclusive para a casa do próprio Zé. E logo logo teve efeito o misere;

os trabalhadores, mulheres e filhos pegaram as mais diferentes doenças;

 

e muita gente da cidade, que bebeu daquela água, de quando em visita à Terra de Ninguém;

e até os estudiosos acampados ali adoeceram; e tantos daqueles morreram;

e o Zé, preocupado, mandou chamar todos os médicos; e custeou consultas exames e remédios;

e, descoberta a contaminação da água, custeou também a sua purificação.

E ficou a imaginar quem teria patrocinado tal esculhambação; e não lhe saía da cabeça que bem poderia

ter sido da parte do Seu Libório.

 

Pior que várias pessoas contaminadas morreram; e a contaminação passou para outros mais;

pelo ar, pelo toque, e de outras formas mais; a cidade quase inteira adoeceu;

e muitos de lá se foram amedrontados; e muitos na cidade morreram;

e o Zé teve que custear enterros;

 

e pior ainda: parentes das vítimas mortas e mesmo as vítimas daquele ato macabro foram orientadas a entrar na justiça,

a pedirem indenização por perdas e danos... E o Zé tornou-se às voltas com advogados enquanto corria as tantas demandas;

e tudo isso já dava um belo baque nas contas do Zé Firmino.

Mas dinheiro muito ainda restava

 

apesar de menos, por causa do Seu Libório, que cortara negócios com Zé Firmino,

 

e que houvera convencido a muitos não fazer mais negócios com o Zé.

Em solidariedade à dor do Seu Libório que era muito poderoso e influente todos romperam negócios com o Zé.

 

E ficou muita produção encalhada; muitas já apodrecendo;

e muitas foram ao povo doadas.

 

O Zé teria que buscar novas parcerias comerciais. Pior que muitos dos que ficaram bons resolveram cair fora da fazenda;

o coelho é quem mais ficaria mais ali; bem juntinho à árvore da maldição; já haviam visto demais;

e pediram indenização, alegando não ser justa causa, mas causa de doença e ameaça de morte;

e lá se ia  dinheiro mais e mais do Zé;

 

e as plantações, abandonadas, começaram a definhar; e mesmo com os anúncios que colocara nos jornais,

 

ofertas de emprego, moradia e alimentação...

 

A fama da maldição da árvore impedia qualquer um; ninguém se apresentou para a tarefa;

não tinha mais como tocar a plantação...

 

E quando pensava na situação

 

pensava que já não tinha antes nada mesmo; e que se já fora andarilho,

poderia continuar a ser; o que lhe poderia afetar?

Que se acabasse a plantação!’ Que se acabasse tudo até!

Porém as folhas continuavam caindo... Como mãos desprendidas dos braços...

 

 

Agora me pergunte porque

 

o Zé Firmino não adoeceu, não morreu!

 

Ora, dentre as maravilhas tecnológicas de ponta, As quais o Zé fazia muito gosto em adquirir,

 

tinha o Zé um moderníssimo purificador de água, o que salvou o Zé e a sua família,

que só dali bebiam água, viciadas no gosto incrível em que o purificador fazia que a água se tornasse; Zé Firmino resolveu puxar água  do encanamento,

que há algum tempo já havia chegado no povoado, pois assim não correria mais o risco de outra vez tal desgraceiraacontecer.

 

A mulher do Zé Firmino levou uma topada, e a tomou como coisa muito estranha,

o que lhe deixou muito impressionada; acostumada a andar pela ampla residência, jamais lhe houvera tal acontecido;

e tomou aquilo como um aviso;

 

e se já andava com a pulga atrás da orelha em função dos últimos acontecimentos.

Mas o estopim lhe levou à sua radical decisão foi quando viu  uma serpente

subindo pelo tronco da Árvore do Destino,

 

E resolveu envenenar Firmino.

 

Iriam pensar que foi ainda da intoxicação, e então quando o Zé batesse a caçoleta iria vender a propriedade a sua herdeira;

 

e seriam as desgraças anunciadas que se faziam; e quando tudo estivesse consumado

iria viver bem; e bem longe dali.

 

E bem que tentara convencer o Zé Firmino a vender tudo e se mandar;

mas Zé Firmino, obcecado, dissera-lhe que iria até o fim da história;

garantindo não acreditar nas tais crendices: ignorancices do povo; que Deus é mais.

E o Zé Firmino bebeu suco de mangaba com veneno; e baixou no hospital;

e lá ficou internado;

 

e todos acreditavam que era ainda da intoxicação, inclusive o ex- prefeito, acreditando no sucesso do seu ato; e ficaram a sua esposa, o ex-prefeito e o Sr. Libório

 

torcendo pela morte do Zé Firmino, e esperando. Mas Zé Firmino não morria;

e já estava internado há bem um mês.

 

O diretor do hospital fez questão de segredar-lhe que na verdade ele houvera sido envenenado;

e juntando isso ao fato de sua companheira ter se ido embora, coisa que logo viera a saber,

e não ter nunca querido lhe visitar no hospital,

 

não podia deixar de concluir quem o houvera envenenado. E o Zé Firmino por fim ficou bom;

mas  comprou o dono do hospital

 

- ainda tinha muito dinheiro na poupança - para fazer-lhe de doente ainda;

para continuar ali no hospital;

 

enquanto ali mesmo decidiria o que fazer.

 

Soube que não tinha mais quase ninguém na fazenda, a não ser uns estudiosos e alguns místicos;

e atribuiu a fuga da mulher ao medo;

 

e dava-lhe razão então, “ coitada”.

 

E o Zé então, lendo o jornal da cidade,

 

soubera que o fruto já vinha crescendo há uns três meses; época mais ou menos do início dos funestos acontecimentos; os místicos haviam resolvido vender tal notícia para os jornais, mesmo contra a vontade dos pesquisadores;

haviam subido a escada e então visto o tal fruto; e haviam ficado também em silêncio

para constatar a veracidade da lenda;

 

mas tementes de mais desgraças resolveram assim fazer. Os estudiosos resolveram ir embora também;

ao tempo em que Zé Firmino resolveu, com a cobertura do diretor do hospital, espalhar a notícia da sua própria morte; e logo providenciaram o falso enterro; muito dinheiro o Zé gastou para isso;

mas antes providenciara a venda da propriedade,

 

a qual a própria prefeitura comprou a título de tombamento;

 

e o Zé pôs tudo no banco;

 

e providenciara o adiantamento dos processos jurídicos, sem as lenga-lengas demoradas costumeiras,

e consequentemente a sua inocentação por total e absoluta falta de provas;

para isso molhou as mãos de juízes e advogados;

 

não que o Zé fosse realmente culpado da fatal desgraceira, mas para apressar definitivamente o desfecho da pendenga, principalmente que partes contrárias;

dificilmente iriam ceder, interessadas que estavam nas gordas indenizações  que o Zé iria desembolsar;

E, claro, sobreviventes, familiares e advogados

 

não iriam ceder facilmente sem recorrimentos intermináveis. Tiveram de conformar-se com a decisão irrevogável do juiz; principalmente que o Zé “morria” logo emseguida.

E o caixão cheio de pedras foi enterrado. E ninguém vira o corpo do Zé ?

“Não !” ;  “Era perigoso!” ; “Poderia pegar coisa ruim!”;

 

asseveravam os doutores do  hospital.

 

E o Zé , antes de se mandar, resolveu que iria na madrugada, sem ser visto; mas antes de ir passou na sua propriedade;

 

foi ao seu cofre buscar dinheiro e jóias ali guardados; mas claro que não encontrou;

aquela serpente venenosa lhe houvera roubado a pequena fortuna;

 

só a ela houvera confiado o segredo daquele cofre... Maldita seja!

E subiu à árvore e comeu o seu fruto;

 

e experimentou o seu deliciosíssimo sabor; e o fruto era enorme;

e o Zé ainda comeria dele vários dias;

 

e já ia longe com uma nova semente do fruto; o Zé em seu carro ia dirigindo pela estrada;

pelo rádio ouviu a notícia de que haviam derrubado a árvore; o que foi considerado crime pela prefeitura;

pois que tinha destruído um rico patrimônio da cidade; e sem o fluxo de turistas a cidade voltaria a ser pobre.

 

Mandaram averiguar para descobrir o vândalo; mas nunca conseguiram descobrir

que foi coisa do Sr. Libório,

 

que não se conformava de ter perdido para a árvore o seu menino sagrado.

O ex-prefeito voltou para a sua cidade, sentindo-se plenamente vingado.

 

 

E o Zé Firmino foi para o centro da cidade de uma grande metrópole, morando discretamente num quarto e sala;

 

mas muito bem aparelhado com toda a tecnologia de ponta; e acompanhava as notícias pela TV;

que transmitia tudo quanto era canal;

 

o que lhe permitia ouvir notícias da sua região e adjacências; e com o passar dos anos que vivera ali

ouviu notícia da morte do ex-prefeito;

 

e assim pode saber também de notícia a mais incrível: a filha do ex-prefeito, com a morte do pai,

 

pôde finalmente reaparecer e declarar-se viva; pois é, sua morte fora uma armação de sua mãe; com ajuda de parentes e amigos,

para protegê-la e a seu filho da fúria do então prefeito, que jamais aceitaria tal situação.

O coração do Zé palpitou de indescritível emoção ao saber da existência do seu filho; filho do seu amor e de Ana Carina;

 

também assim toda a cidade ficou a saber das armações do então prefeito

 

juntamente com o delegado e seus comandantes, e que o Zé sofrera tudo aquilo injustamente, que não havia lobisomem nenhum.

 

O Zé logo providenciou que Ana Carina e seu filho

 

viesse com ele morar, numa casa grande e bonita que comprou; e também se casaram;

o Zé enfim vivia a verdadeira felicidade; uma eterna lua de mel de amor;

e o filho do Zé, Romeu, logo se afeiçoou pelo pai; e Ana Carina era a pura felicidade.

 

E assim vivia uma família feliz.

 

Tempos depois soube da morte do Sr. Libório; uma poderosa depressão o pegara de jeito.

Mais adiante soube que viera a morrer aquela que havia sido sua companheira; o Zé soube assim que ela estiva na cidade

a tentar receber como herança a propriedade; o Zé sorria de ironia por dentro;

Ah,  safada! Morrera arrastada pelo rio da cidade,

 

numa grande enchente que arrastara uma ponte por onde passava... Seus filhos foram entregues ao pai alcoólatra.

E o Zé resolveu escrever toda aquela história que vivera;

 

e tinha guardada consigo a semente; que lhe dava incentivo; e o Zé escreveu a história em parábolas e símbolos;

e fez muito sucesso; e vendeu muitos livros; e seu novo nome era João Mário Estrela;

festejado escritor; contador de histórias incríveis;

 

entrou para a academia; ganhou vários prêmios; e teve livros que viraram filmes;

e filmes que ganharam Oscar;

 

ganhou também o prêmio Nobel de Literatura. Porém escrevia um livro que seria o seu póstumo; aquele que contava a sua história verdadeira e crua;

assim como as suas impressões sobre tudo o que vivera; distribuídas entre as centenas de personagens;

inspiradas nas pessoas que conhecera na sua admirável vida. O Zé, já velho, adoecera irreverssivelmente;

e após a sua morte todos ficaram sabendo

 

que o João Mário Estrela era na verdade o Zé Firmino; aquele da tal árvore misteriosa;

e que ganhara fama no mundo;

 

e que estava morto e enterrado na sua cidade natal; Cumprindo sua vontade;

de ser enterrado na cidade onde nascera;

 

Onde tudo se começou a suceder na sua aventurosa vida.

 

E houver pediu também que fosse enterrado com a semente. E então assim foi feito.

E tempos após brotou a árvore do destino No meio do cemitério da sua cidade

E ficou enorme e frondosa.

 

E já não temiam a árvore misteriosa Porque apesar de tudo o que dela se falava

O Zé Firmino havia mostrado que tudo era muito relativo Pois tivera uma vida muito proveitosa

E tudo por causa da semente que dera a árvore. E muita gente acorria à cidade do finado Zé para ver aquela tão famosa árvore;

e a cidade do Zé ficou rica e famosa;

 

e o seu filho foi morar também na cidade; a cidade onde também nascera.

E era também um homem bondoso

 

E político dos bons; de grandes benfeitorias na cidade. Ana Carina, a viúva, cuidava da Casa Do Zé Firmino;

 

onde estavam pertences do Zé: livros, fotos, roupas;

 

o computador em que o Zé escrevera seus livros famosos; e tantas curiosidades mais;

e a Casa do Zé Firmino era muito visitada pelos turistas. E sobre aquela árvore, fincada no cemitério da cidade, e vista por toda a cidade e arredores, diziam

que ali era o próprio  Zé Firmino

 

 

 

 

 

 

 

 

Estes são para os  intrigantes viventes

 

que pelo controversos que são em espécie, a mais numerosa,

diferentes reações despertam, desde antipatia, aversão,

à curiosidade, admiração, apreensão, temor, nojo

 

ódio e desejo de matá-los. Geralmente indesejáveis,

 

 

mormente repugnantes, de exóticas estéticas; estranhos, esquisitos

antenados, exoesqueléticos ; muitos alados; artrópodes, hexópodes;

divinizados no panteísmo, sacralizados na natureza, emanação de Deus,

o Ser Todo Sapiente, Os polêmicos insetos.

 

 

Vistos com isenção de parcialidade, são simplesmente inocentes criaturas, que à mercê de seus destinos,

de atender seus instintos,

 

sendo fiéis à sua condição, ecossistematicamente envolvidos, sanguinolentos ou vegetarianos, apreciados por seus predadores: répteis, anfíbios, aves,

e mesmo por alguns de seus pares, e alguns até por alguns humanos; tantos nem tão nocivos,

tantos nem tão peçonhentos, alguns até benéficos,

vide a abelha e seu caro e doce mel, geléia real e própole;

exemplo de vida em sociedade, de organização social;

e o bicho da seda ? fase intermediária

de um dos que tratamos aqui,

 

que nos dá tão nobre, fino e apreciado tecido!

 

São as borboletas encantadoras, nos maravilham as vistas, perfeita harmonia com as flores, interessantes;

não nos fazem indiferentes as mariposas, noturnas, em lúgubres asas,

mas asas merecidas,

 

no fim nos ganha a simpatia;

 

as formigas, incansáveis trabalhadoras, fortaleza da união;

as tanajuras são engraçadas de bum-buns avantajados;

o gafanhoto, de status bíblico: alimento de profetas no deserto, mesmo que muitos pragas em nuvens, devastando plantações; e o louva-deus, imponente,

 

parece viver louvando aos céus mesmo,

 

é impressionante de ver;

 

a viuvinha quando nos pousa na camisa traz - nos um íntima satisfação,

como se fôssemos bem escolhidos, pois dizem até que dá sorte.

E a esperança?

 

Que  bela textura de verde?

 

E a Joaninha? De tegumento colorido? Conchinha rubro- negra, auri-negra, verde-negra? E a libélula de vôo leve e gracioso

Parecendo até um aviãozinho teco-teco? Quem sabe até o inspirou?

Tem um que é um fino graveto vertical, eu nunca o vi,  mas sobre o qual já li.

Outros nos chamam a atenção por nos invadiremos ouvidos com seus sons característicos. No verão crepuscular, a cigarra,

 

oculta no alto de uma árvore, soa seu som estridente,

que traz lembranças da infância; o grilo, de perto dá nos nervos,

se dentro de casa ninguém agüenta, azoando mente a dentro...

E difícil é achar o danado! Porém lá de longe na mata seu som soa até agradável,

parecendo interagir com os nossos pensamentos; mas o besouro, de potente zunido,

a querer nos levar ao pânico

 

na sua aparição repentina, ameaçadora, parecendo um pesado helicóptero de guerra... Por nele falar, lembro dos terríveis,

a parir dos nojentos e escatológicos, pois já o vi chafurdando naquele troço! Ojeriza à barata,

 

desconfiada da sua culpa, logo que nos vê se esconde,

e mete-se nos mais escrotos lugares! Só uma sandália mesmo!

à mosca e sua indiferença,

 

Ô bichinha abusada e renitente... E aquela do sono então?

Longe daqui !

 

E os mosquitos dos excrementos e feridas? Terríveis também os destruidores:

os cupins chegam a desabar uma casa, comendo a madeira da cumeeira, destruiriam os móveis todos de uma casa... E as terríveis traças?

Tão avessas aos livros,

 

destruiriam uma biblioteca inteira!

 

Carunchos, fujão, gorgulhos cujas lavas danificam plantas,

 

os pulgões...

 

Mas,amaldiçoados os que picam ! Uns lamentavelmente fatais,

qual o da febre amarela, Anófele da malária,

o Aedis Aegpti da dengue, culese, filariose, inseticida ! Morte a todos! Seres infenais,

a começar pelas irritantes muriçocas, responsáveis por noites insones

e sentimentos intensos de raiva, ao muruim ranzinzento

passando pelos  danados moibundos;

 

a pulga, que abusa tanto os pobres cães, tal qual o carrapato e os percevejos; aqueles de mordedor em forma de alicate, como são imundinhos !

 

Incômodas beliscadas sugadoras ! Assombroso o barbeiro,

noturno, sorrateiro, matador ! Mesmo o bicho do pé, chamado de tunga...

dizem até que dá boa coceirinha, mas o melhor é removê-lo.

Vige! Sai!

 

 

 

Quantos mais existem

 

que nos são desconhecidos?

 

Prato cheio para os entomologistas...

 

E quantos mais catalogadas em laboratórios: o tavão- besteiro, o hipoderma,

a larva de pulga, o poliergo rágio, o bóstrico, a carpacapsa a dorífra e tantos mais

que se fôssemos enumerar

 

de um compêndio especializado, seriam centenas de versos a mais Neste discorrimento.

Às vejo uns inéditos,

 

pois que nunca houvera visto antes: um voador colorido belo, parecendo mesmo plumado;

alguns caminhadores, alheios a todos, que nota-se logo serem inofensivos; uns são mesmo charmosos, simpáticos, despertando certo encantamento;

mas uns já vi incomuns,

 

que despertam certa desconfiança, e, pelo sim, pelo não,

ai deles se não se põem fora a tempo.

 

 

 

Parece que à medida em que vivemos mas insetos vamos conhecendo.

 

Mas, a despeito de tudo,

 

são mesmo dignos de respeito e até admiração,

pelo que são, sobreviventes fortes na evolução,

resistindo até aos nossos tempos... também a despeito dos maléficos, dizem até que somos

os piores seres sobre a Terra,

 

pois fazemos o mal conscientemente, diferentes dos pobres insetos,

que são irracionais

 

e apenas seguem seus instintos animais.

Quem negaria ser verdade? Cada um veja em si até onde é.

Sem querer me fazer de santinho, O melhor mesmo é ser bom,

 

escolher o caminho do bem, mesmo em situação adversa, buscar riqueza espiritual.

Porque às vezes somos mesmo ruins, tão ruins,  ruins mesmo,

praticando os piores atos, merecendo bem mais

do que uma molestaçãozinha de inseto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ora elaboro versos bélicos,

 

nos quais sobre tal tema discorro, suscitando uma inerente reflexão, atitude que nos é um tanto incomum, sendo um tema que mais nos afugenta

 

do que nos convida à contemplação, principalmente num texto literário, que se propõe, como tal, artístico,

o que pressupõe caráter estético; e tão difícil como uma “Guerrnica” é coordenar guerra e beleza,

a primeira tomada então

 

da forma simplesmente concebida, tão horripilante o que no sentimento é suscitada por  esta última.

Também é difícil que nos ocorra questionar, pelo que impõe-se por si só,

tão presente à ordem do dia,

 

que se coloca num grau de normalidade, tão entranhadamente inserido no contexto.

Entretanto, visto que o belo artístico

 

não é apenas necessariamente o que é bonito, mas sim o que é humano, profundo;

 

o que nos induz à contemplação,

 

pelo que nos toma em arrebatamento, por tão contundente realidade sugerir. Declino-me sobre o tema,

ou talvez sob o tema,

 

a título de irrecusável inspiração e de necessidade de expressão

sobre tão aflitiva e angustiante questão. E por aqui então me inicio,

buscando talvez um entendimento para manifestação paradoxal,

pelo que em si a morte promove como objetivo a  ser atingido,

o que assim é tão avesso à natureza, cujo instinto busca a vida preservar;

ou esse instinto mesmo de sobrevivência estaria na explicação das razões da guerra?

 

Assim, me inicio pela definição, qual nos determina o dicionário, deste termo não tão restrito ,

para então tentarmos o entendimento, pelo  que possamos ler nas entrelinhas, e assim chegarmos a uma conclusão,

e quem sabe até propor soluções;

 

e que possamos divagar no discorrimento,

 

visto tratar-se de tema com tão múltiplos aspectos, e que de certa forma nos nébula a lucidez,

natural será que a mente torne-se inebriada ,

 

e que o pensamento tome caminhos inesperados, com imaginações, sonhos, delírios.

 

Assim temos que é a guerra luta armada entre nações

por terras, dinheiro ou idéias, como é também campanha, luta , arte da milícia.

 

constatamos então que é a guerra

 

os homens a destruírem-se uns aos outros por uma razão qualquer que  seja. também assim nos sugere ser um dom para o qual muitos têm natural inclinação, ou como se explicaria um militar,

tão encarnadamente tal

 

que é difícil imaginá-lo um monge, por exemplo.

 

Quiçá seja deveras a guerra

 

fato mais que normal na natureza humana, como a antipatia, a aversão ao outro

que às vezes aflora até sem explicação de dentro da essência sentimento.

Pois desde os princípios que se guerreia: os índios guerreavam entre tribos;

nos remotos tempos bíblicos Caim matou Abel;

gregos e troianos já se degladiavam,

 

como atesta a clássica literatura. De fato a razão da guerra confunde-se na sua gênesse

com a própria origem do homem. Remonta ao mistério de si.

É o lado mais insano da humanidade, em oposição ao seu lado mais sensato;

a apoteose em cena do seu lado primitivo, do seu lado selvagem,

que repousa no mais recôndito e si; que impetuosa e irrevogavelmente eclode num espetáculo repulsivo. São os congênitos defeitos humanos levados às últimas conseqüências,

tantos e tão graves são em pertinência ,

 

quais sejam prepotência, arrogância, orgulho; insensibilidade, incompreensão ; vingança; ignorância;  soberba; ambições;

 

presunções de superioridade; intolerância; cobiças de riqueza; ímpetos de dominação, de escravização de uns por outros.

Daí formam-se os conflitos inevitavelmente, por fundamentações tais , as mais variadas: políticas, econômicas, religiosas, territoriais, que chegam-se a dilemas cruciais,

a obstáculos intransponíveis, agravadas por ações terroristas das diversas facções do mundo. E ao passo em que progride científica e tecnologicamente, o homem espiritualmente

não demonstra o mesmo progresso,

 

fazendo denotar ainda mais o seu lado primitivo; não regredindo em seu lado animal.

 

a guerra parece algo ao homem latente, como a paixão, o orgulho, a vaidade,

 

e outros tais sentimentos nocivos, tão aberrantemente cultivados.

São sentimentos inerentes ao ser racional, mas que não consegue sobrelevar-se,

a ponto de se anular em sua mesquinhez; de ver-se tão pequeno nesses sentimentos. Ao contrário, é cada vez mais ignorante,

e colocam suas conquistas incríveis a serviço dos sentimentos inferiores.

 

 

Quem sabe é o tal do instinto de morte, a guerra,  vista mais investigadamente.

É mesmo talvez independente do querer humano, e acontece por existir por si mesma, a guerra, visto a guerra que já vem de entre Deus e o Diabo. Mas se o homem, quem sabe, poderá exterminá-la;

 

se um dia seremos evoluídos e educados para tal, desmentindo os filmes de ficção científica,

que perpetuam o homem na guerra,

 

ou a guerra no homem, pelos milênios afora,

pela inesgotável eternidade

 

é tão desejado quanto irrespondível .

 

 

 

Mas é acentuado o avanço humano, científica e tecnologicamente,

e pela irrefreável marcha, paralela ao crescentes conflitos e defeitos de sentimentos , não é difícil mesmo imaginar

uma guerra envolvendo todo o planeta, se não a terceira ou a quarta,

mas a quinta ou sexta,  quem sabe...

 

Pois dentre as armas terríveis do avançadíssimo progresso, quais bombas ultra-avançadas, de devastadores efeitos

 

não fariam tremer o mundo, explodindo às centenas

nos quatro cantos do globo,

 

com seus ensurdecedores abalos ?

 

Seria possível um estrondo de tal forma potente

que desorbite a Terra fazendo-a desgovernada espaço sideral a dentro atestando de tudo o fim ? Quem há de duvidar?

Na verdade às vezes duvido. Que a Terra é muito enorme para que um tal estrondo

cause impacto de tamanha conseqüência. Mas depois eu penso que é também enorme a inteligência e a maldade humana.

 

É acentuado o avanço humano, científica e tecnologicamente.

Quem dera fosse apenas para o bem

 

o progresso soberbo que temos alcançado.

 

Mas graças ao seu ódio incontido tal avanço irreversivelmente canaliza-se também para o mal,

para a destruição de uns pelos outros; a destruição de si por si mesmo,

pelas armas ultrapoderosas e bombas ultra-avançadas.

E qual um filme de ficção científica desenrola-se de forma inevitável

As prévias cenas de uma guerra não desejada. E difícil não é a mente imaginar,

pelo que traça a humanidade em seu destino, uma guerra vinda do mais alto grau;

da animalidade primitiva humana,

 

fazendo uso da mais refinada tecnologia,

 

com aquelas bombas de devastadores efeitos, com poderes de fazer desmoronar montanhas, com altíssimo poder de destruição

em raios de quilômetros de distância, varrendo árvores, prédios, gentes,

na apoteótica guerra,

 

a mãe de todas as guerras;

 

com aviões explodindo e caindo dos céus, com navios explodindo e afundando no mar; casas indo pelos ares,

bem como fábricas, indústrias, usinas, minas; aeroportos, portos, estações...

E das bases de lançamentos tais bombas, mísseis, artefatos nucleares mais e mais a se lançarem incontinentemente;

e no alto céu então se veem viajando

 

ante os olhares estarrecidos, assustados, atônitos;

 

programados e monitorados, viajando nas várias direções,

teleguiados para alvos pré-estabelecidos, as grandes cidades do mundo.

Muitos porém sendo interceptados no ar, por engenhos antimísseis,

provocando explosões no espaço, estrondos cabulosos,

e chuvas de gigantescas faíscas causando em muitos a cegueira, pelos clarões incandescentes...

E assim a destruição sendo propagada, com bombas infernizantes

a transformar tudo em pó

 

em quilômetros de raios de distância; e bombas exalantes de gases tóxicos, de efeitos os mais letais,

substâncias químicas de efeitos nefastos,

 

que inalados pelas gentes,

 

a tirar-lhes de imediato o senso, fazendo-as loucamente ensandecidas, cometendo suicídio às centenas

e matando-se uns aos outros, concidadões, amigos, parentes, sem razão nem porquê,

instaurada assim a insanidade coletiva, com brigas e lutas corporais,

as pessoas se agredindo mutuamente, e a mesma loucura incontrolada,

acometendo presidentes, generais, comandantes; e mais e mais ordens de ataque,

e mais e mais botões apertados,

 

e mais e mais lançamentos das bases dos artefatos mortais,

a viajarem pelo alto espaço,

 

e mais e mais nações sendo atingidas,

 

e mais e mais nações sendo envolvidas, e lançando muitas outras em resposta,

e assim sendo envolvidos todos os povos, e toda a sanha louca da monstruosa guerra destruindo a tudo e a todos,

com a força de ventos fortíssimos que de repente soprasse varrendo toda a superfície do globo terrestre, como se tantas catástrofes acometessem a um só tempo,

tempestades, trovões, redemoinhos, tornados; terremotos, maremotos, furacões, enchentes; vulcões de todo o mundo em erupção; derretimento das calotas polares;

destruição da camada de ozônio,

 

fazendo bem mais aquecido os raios o sol.

 

E em meio a esse pandemônio generalizado, muitos nesta hora a clamar pelos céus;

 

enquanto muitos outros a se resignarem dos seus erros conscientes,

aceitando o fim,

 

por não merecermos outro fim, por termos buscado tal fim;

e outros a se rebelarem contra Deus, e a Deus culpar por tudo;

e tantos mais a dar graças a Deus, por este enfim mostrar-se em fúria dando o castigo merecido,

e fazendo cumprir suas promessas de destruição.

 

E em meio ao caos

 

do pandemônio generalizado

 

os ecos terríveis de u ma sinistra sinfonia de terríveis e escabrosos gemidos,

entre os escombros, mortos, mutilados, e membros de corpos espalhados ,

a tétrica e assombrosa cena.

 

Literalmente o fim do mundo.

 

Mas pode realmente o mundo

 

acabar-se nesta guerra desproporcional se na escalada do progresso

científico e tecnológico

 

os avanços são peremptoriamente canalizados para armas mais e mais modernas,

poderosas  e horrendas.

 

 

 

Uma guerra aqui , outra ali, acolá, alhures, algures, mas nenhuma nenhures.

Nos seis continentes,

 

sem no entanto envolver todos os países, guerras que se vão procurando

resolver politicamente,

 

enquanto os terroristas infernizam. Mas ocorrendo o conflito mundial,

 

com o uso de tais armas,

 

da forma como aqui descrito, não é absurdo prever

que em uma semana o ar fique tão impuro

que torne-se irrespirável, tomado de veneno letal, Que tudo torne-se escarlate, marrom , cinza, negro; que a água perca o cristalino; que a Terra perca o viço

do verde das matas, assim ressequidas; bem como o mar perca seu verde, seu azul, suas cores cristalinas;

que o céu perca o seu sublime azul;

 

que as nuvens percam o alvor em seus nimbos; e mesmo aquele leve cinza agradável de ver;

e mesmo as ondas percam o branco do mar;

 

que as densas camadas de gases venenosos e elementos tóxicos suspensos no ar impeçam até que os raios solares

alcancem a flor da Terra;

 

e que toda a espécie de vida seja destruída,

 

pois vida alguma poderia resistir a tal devastação, mesmo aquelas que busquem salvação

em abrigos anti-nucleares,

 

pele densidade de veneno letal pairando no ar por muito mais tempo do que o previsto, fazendo o ar irrespirável por centenas de anos, que nenhuma máscara, por mais moderna, será capaz de livrar as narinas de alguém;

e a Terra ficar sem vida então...

 

 

 

Mas do modo que se imagina

 

que tudo isso já tenha acontecido, e que passadas dezenas de eras,

 

cada era com milhares de anos, a vida então ressurgiu,

e viemos nós outra vez,

 

e vamos evoluindo até a destruição outra vez, como num ciclo inevitável

da própria contingência humana, imagina-se também

que desta vez será diferente, pois seres extra-terrestres,

os quais são de planetas superiores,

 

e que por sua vez já superaram tais problemas, quebrando este ciclo nefasto e repetitivo,

e entrando pela linearidade do progresso infindável, nos descobriram enfim,

com seus discos voadores imperceptíveis, agindo de forma sorrateira

usam de seus impensáveis artifícios para evitar que nos destruamos.

 

Mais que uma remota esperança, seja verdade, que assim livrem a humanidade

do repetitivo ciclo auto-destrutivo.

 

Mas de todo não há certeza sobre tais discos voadores,

que mesmo que existam por aí, desde há quanto deles se têm notícia,

desde que se eram os deuses astronautas, guerras muitas eclodiram,

primeira,  segunda e outras,

 

e quem sabe até estão por trás das guerras, e esses conflitos já vêm de ouros planetas e persistem aqui, pelos seres de lá germinados aqui na Terra, e que convivem entre nós, terráqueos, inconscientes até de suas próprias origens, mas sempre direcionadas para os seus interesses conflitantes,

 

quais sejam se afirmarem superiores, destruindo o povo rival;

e quem sabe os tais discos voadores estejam por trás de grandes gênios,

que representam uma raça, uma nação? Por trás de Jesus, Buda, Maomé...

De tantos outros influentes,

 

ainda que não fossem sobremaneira conscientes dessa mesma ligação, ou até mesmo tenham sabido...

Quem sabe vem os conflitos através de tais seres, que se manifestam em superioridade demais, arrebatando multidões em crenças e paixões ?

Mas são crenças e paixões que se conflituam, que não atendem ao interesse o homem

em se resolver em seu desígnio , de se harmonizar como um todo, para que vivamos em paz,

 

levando a humanidade assim à destruição total, pelas armas ultra-avançadas .

E não importa se a primeira,

 

s segunda, a décima, a enésima vez... para nós valerá o agora.

E com tudo o que vemos e sabemos não é difícil imaginar

que todo recomece outra vez, após milênios e milênios,

os gases venenosos entrando em combustão, pela ação permanente do sol,

inatingível será sempre o astro-rei,

 

e sendo levados pelos resíduos tóxicos para as profundezas da Terra

pelas águas dos rios e dos mares, a poeira então se assentando, tudo o seu lugar retomando, tudo então se recompondo

seguindo-se a tendência natural,

 

 

tudo se tornando numa adequação natural, e, segundo a segundo se seguindo,

com a passagem de centenas de milênios, tornem- se limpos os rios, os mares, o ar; torne-se azul o céu outra vez;

com a lua e as estrelas resplandecendo à noite, e com mais alguns milênios ressurja a vida

a partir dos genes dos genes de cada espécie, conservadas na mais infinitésima parte

da matéria de si,

 

onde se preserva o princípio da vida, formando as células a se agruparem

em organismos que se conduzam naturalmente à sua forma ulterior de ser,

visto terem sido feitas perfeitas condições, necessárias a seus integrais desenvolvimentos, e assim vindo os seres microscópicos,

 

a vida então recomeçando

 

e se movimentando dentro das águas, os procedentes do que serão vegetais, do que serão animais,

plantas, mamíferos, aves peixes, répteis, anfíbios, insetos..

e passados mais alguns milênios, reapareça o homem, reiniciando um mais novo ciclo de existência, e nesse novo ciclo de existência venha no bojo do seu âmago toda a mesma contingência

dos seus defeitos congênitos, que resvalam então de novo

na maldita e famigerada guerra, a maldição da humanidade.

 

 

também pode vir a ser diferente

 

o reaparecimento da vida,

 

com as células se agrupando de maneiras diferentes, de formas como nem podemos imaginar,

e  homem nem ressurgir,

 

ou não ressurgir assim como somos agora, mas talvez na forma de um quadrúpede, ou mesmo uma espécie de molusco, inseto , árvore ou ave, e fique impedido de desenvolver-se assim

 

Na sua rota cíclica de destruição de si e de todos...

 

Mas há quem diga também

 

que as guerras são até necessárias para a evolução espiritual do homem,

e até para controlar a densidade demográfica... mas claro que soam como idéias absurdas, como qualquer uma que justifique a guerra, embora necessite mesmo o homem

de evoluir espiritualmente...

 

Mas será que é por aí? Mas tanto mais dizem:

que há quem nasça com o dom para a vida militar,

atestando então ser do natural humano militarismo, armas e guerras.

Será a natureza imperfeita,

 

ou a guerra faz parte da perfeição?

 

Então não adianta sonhar com a definitiva paz,

e tudo será como em certos filmes de ficção, onde o tempo é um futuro longínquo,

a guerra é a tônica,

 

e as armas mais incríveis,

 

armas que pareciam impossíveis

 

o homem passo a passo conquistou.

 

Supõe-se que enquanto houver o homem

 

com suas paixões, ideologias, crenças, valores,

 

haverá as diferenças, os conflitos, as guerras;

 

que guerra é e será uma constante da humanidade, a menos que algo muito extraordinário ocorra, como por exemplo numa grande convenção

dos poderosos líderes e chefes de estado se resolvesse que todos os países

destruiriam suas armas, incondicionalmente, e decidissem resolver suas diferenças

na base do diálogo e compreensão mútua, e até deliberassem ajudar uns aos outros, e se apertassem as mãos, se abraçassem, e sorrissem uns aos outros com pureza... Mas isso talvez seja uma doce utopia...

Mais fácil é acreditar em discos-voadores que baixem com seus poderios,

de potentíssimas armas, por nós inimaginadas,

e a todos submetessem,

 

e nos destruíssem as armas,

 

e resolvessem os conflitos de todos os povos, pelo mais justo, pelo mais certo,

obrigando-nos ao respeito mútuo, e acabassem com as dominações,

e promovessem a justa distribuição da riqueza e do progresso alcançados;

do alimento, do remédio e  do abrigo para todos, cessando-se assim todos os conflitos,

se impondo a paz goela abaixo da humanidade beligerante.

Mas é talvez também outra utopia, doce ilusão...

 

Seria mais fácil acontecer que algum país bom e justo

torne-se bem mais poderoso do que qualquer outro em algum poder tecnológico inigualável,

e assumisse a responsabilidade pela paz no mundo,

 

e não permitisse assim mais nenhum conflito na Terra,

 

nenhuma dominação,

 

atacando e desarmando o país agressor, como verdadeiros policiais do planeta,

e patrocinasse então a paz , a harmonia, o bem estar; tudo na base da justiça, da fraternidade, do respeito, sem interesse de dominação

e exploração desses países... Quisera não fosse utópica também essa possibilidade de ocorrência...

Mas talvez fosse mais fácil imaginar

 

que no mapeamento do código genético se descubra onde se encontra no homem essa tendência de voltar-se à guerra,

e encontrasse então uma forma eficaz de neutralizar o dom bélico do homem e se educasse os homens

para a aceitação de uns pelos outros, e para o não uso da violência

 

em qualquer situação da vida.

 

 

 

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