“Meus Memoráveis Tempos do Halley e Outros Versos “ são poemas de longo percurso, e dos quais destaco o texto título, por se referir a um tempo de eventos muito marcantes em mim, e os quais ocorreram quando da passagem do famigerado cometa por estas paragens. Relevo também a história de Zé Firmino no texto “A árvore do destino”, que pode ser definido como um conto em versos. No mais, são textos em que alguns versos consideram sobre a problemática da guerra, “Versos Bélicos” , e outros discorrem sobre umas polêmicas criaturas : os insetos, “Das Controversas Criaturas”. Espero que tenham boa leitura. Um grande abraço!

sábado, 14 de novembro de 2020

Das Controversas Criaturas

Estes são para os  intrigantes viventes

 

que pelo controversos que são em espécie, a mais numerosa,

diferentes reações despertam, desde antipatia, aversão,

à curiosidade, admiração, apreensão, temor, nojo

 

ódio e desejo de matá-los. Geralmente indesejáveis,

 

 

mormente repugnantes, de exóticas estéticas; estranhos, esquisitos

antenados, exoesqueléticos ; muitos alados; artrópodes, hexópodes;

divinizados no panteísmo, sacralizados na natureza, emanação de Deus,

o Ser Todo Sapiente, Os polêmicos insetos.

 

 

Vistos com isenção de parcialidade, são simplesmente inocentes criaturas, que à mercê de seus destinos,

de atender seus instintos,

 

sendo fiéis à sua condição, ecossistematicamente envolvidos, sanguinolentos ou vegetarianos, apreciados por seus predadores: répteis, anfíbios, aves,

e mesmo por alguns de seus pares, e alguns até por alguns humanos; tantos nem tão nocivos,

tantos nem tão peçonhentos, alguns até benéficos,

vide a abelha e seu caro e doce mel, geléia real e própole;

exemplo de vida em sociedade, de organização social;

e o bicho da seda ? fase intermediária

de um dos que tratamos aqui,

 

que nos dá tão nobre, fino e apreciado tecido!

 

São as borboletas encantadoras, nos maravilham as vistas, perfeita harmonia com as flores, interessantes;

não nos fazem indiferentes as mariposas, noturnas, em lúgubres asas,

mas asas merecidas,

 

no fim nos ganha a simpatia;

 

as formigas, incansáveis trabalhadoras, fortaleza da união;

as tanajuras são engraçadas de bum-buns avantajados;

o gafanhoto, de status bíblico: alimento de profetas no deserto, mesmo que muitos pragas em nuvens, devastando plantações; e o louva-deus, imponente,

 

parece viver louvando aos céus mesmo,

 

é impressionante de ver;

 

a viuvinha quando nos pousa na camisa traz - nos um íntima satisfação,

como se fôssemos bem escolhidos, pois dizem até que dá sorte.

E a esperança?

 

Que  bela textura de verde?

 

E a Joaninha? De tegumento colorido? Conchinha rubro- negra, auri-negra, verde-negra? E a libélula de vôo leve e gracioso

Parecendo até um aviãozinho teco-teco? Quem sabe até o inspirou?

Tem um que é um fino graveto vertical, eu nunca o vi,  mas sobre o qual já li.

Outros nos chamam a atenção por nos invadiremos ouvidos com seus sons característicos. No verão crepuscular, a cigarra,

 

oculta no alto de uma árvore, soa seu som estridente,

que traz lembranças da infância; o grilo, de perto dá nos nervos,

se dentro de casa ninguém agüenta, azoando mente a dentro...

E difícil é achar o danado! Porém lá de longe na mata seu som soa até agradável,

parecendo interagir com os nossos pensamentos; mas o besouro, de potente zunido,

a querer nos levar ao pânico

 

na sua aparição repentina, ameaçadora, parecendo um pesado helicóptero de guerra... Por nele falar, lembro dos terríveis,

a parir dos nojentos e escatológicos, pois já o vi chafurdando naquele troço! Ojeriza à barata,

 

desconfiada da sua culpa, logo que nos vê se esconde,

e mete-se nos mais escrotos lugares! Só uma sandália mesmo!

à mosca e sua indiferença,

 

Ô bichinha abusada e renitente... E aquela do sono então?

Longe daqui !

 

E os mosquitos dos excrementos e feridas? Terríveis também os destruidores:

os cupins chegam a desabar uma casa, comendo a madeira da cumeeira, destruiriam os móveis todos de uma casa... E as terríveis traças?

Tão avessas aos livros,

 

destruiriam uma biblioteca inteira!

 

Carunchos, fujão, gorgulhos cujas lavas danificam plantas,

 

os pulgões...

 

Mas,amaldiçoados os que picam ! Uns lamentavelmente fatais,

qual o da febre amarela, Anófele da malária,

o Aedis Aegpti da dengue, culese, filariose, inseticida ! Morte a todos! Seres infenais,

a começar pelas irritantes muriçocas, responsáveis por noites insones

e sentimentos intensos de raiva, ao muruim ranzinzento

passando pelos  danados moibundos;

 

a pulga, que abusa tanto os pobres cães, tal qual o carrapato e os percevejos; aqueles de mordedor em forma de alicate, como são imundinhos !

 

Incômodas beliscadas sugadoras ! Assombroso o barbeiro,

noturno, sorrateiro, matador ! Mesmo o bicho do pé, chamado de tunga...

dizem até que dá boa coceirinha, mas o melhor é removê-lo.

Vige! Sai!

 

 

 

Quantos mais existem

 

que nos são desconhecidos?

 

Prato cheio para os entomologistas...

 

E quantos mais catalogadas em laboratórios: o tavão- besteiro, o hipoderma,

a larva de pulga, o poliergo rágio, o bóstrico, a carpacapsa a dorífra e tantos mais

que se fôssemos enumerar

 

de um compêndio especializado, seriam centenas de versos a mais Neste discorrimento.

Às vezes vejo uns inéditos,

 

pois que nunca houvera visto antes: um voador colorido belo, parecendo mesmo plumado;

alguns caminhadores, alheios a todos, que nota-se logo serem inofensivos; uns são mesmo charmosos, simpáticos, despertando certo encantamento;

mas uns já vi incomuns,

 

que despertam certa desconfiança, e, pelo sim, pelo não,

ai deles se não se põem fora a tempo.

 

 

 

Parece que à medida em que vivemos mais insetos vamos conhecendo.

 

Mas, a despeito de tudo,

 

são mesmo dignos de respeito e até admiração,

pelo que são, sobreviventes fortes na evolução,

resistindo até aos nossos tempos... também a despeito dos maléficos, dizem até que somos

os piores seres sobre a Terra,

 

pois fazemos o mal conscientemente, diferentes dos pobres insetos,

que são irracionais

 

e apenas seguem seus instintos animais.

Quem negaria ser verdade? Cada um veja em si até onde é.

Sem querer me fazer de santinho, O melhor mesmo é ser bom,

 

escolher o caminho do bem, mesmo em situação adversa, buscar riqueza espiritual.

Porque às vezes somos mesmo ruins, tão ruins,  ruins mesmo,

praticando os piores atos, merecendo bem mais

do que uma molestaçãozinha de inseto

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